Fundadora da Forno de Minas lança “Mulheres que Transformam Vidas”
- Cefas Alves Meira
- há 4 dias
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Uma das fundadoras da Forno de Minas, Hélida Mendonça compartilha sua trajetória de vida e empresarial no livro “Mulheres que Transformam Vidas - Histórias Inspiradoras de Mulheres Empreendedoras”. A obra será lançada hoje, às 19 horas, no Parrilla Savassi, em Belo Horizonte.
Sob a coordenação de Silvana Lages, o livro é assinado por 26 executivas de diferentes gerações, referências em empreendedorismo e liderança em Minas Gerais e no Brasil, que contam suas histórias de superação e sucesso.
Voz da mulher
“Mulheres que Transformam Vidas - Histórias Inspiradoras de Mulheres Empreendedoras” tem como propósito ampliar a voz da mulher, inspirando e valorizando o protagonismo feminino nos negócios, por meio dos relatos de vidas e carreiras das coautoras, cujas experiências e vivências são comuns para muitas brasileiras. “São histórias carregadas de desafios, superações, erros e acertos, aprendizados, ressignificação, recomeços, legados, diversidade e sororidade”, afirma Hélida.
A obra retrata as jornadas de mulheres que, por meio do empreendedorismo, transformaram suas próprias vidas e, também, a realidade de muitas outras, de suas famílias e comunidades. Grande parte também são mães, esposas, responsáveis pela casa e líderes em seus lares e no ambiente profissional.
“Esse não é um livro sobre mulheres perfeitas. É um livro sobre protagonistas reais, que fizeram de seus caminhos uma ponte para outras mulheres atravessarem. Nosso intuito é mostrar o potencial do olhar feminino para transformar realidades, abrir novas oportunidades de carreiras, humanizar processos e construir um mercado de trabalho mais empático, forte e justo”, afirma a editora Silvana Lages.
Ela observa que o estudo “Empreendedorismo Feminino Sob a Ótica da PNAD Contínua”, realizado pelo Sebrae desde 2012 - com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD / IBGE), revela que, hoje, elas somam cerca de 10,4 milhões de empreendedoras e representam mais de 42% do total de donos de negócios no país (cerca de 30 milhões), sendo que 52% delas são chefes de família. “Trata-se de um recorde dessa série histórica, cujo crescimento foi de 33% nos últimos dez anos”, ressalta Silvana.
E frisa que a maior parte dessas donas de negócios não escolheram empreender por oportunidade, mas, sim, por necessidade. Conectados com essa realidade, diz, os relatos das coautoras de “Mulheres que Transformam Vidas” mostram porque empreender é, para muitas, um ato diário de coragem. “É sobre como enfrentar a solidão, o medo e o peso das responsabilidades, enquanto se tenta construir um sonho. E em meio a tantas dificuldades, essas histórias reais de mulheres que chegaram lá inspiram e fortalecem o empreendedorismo feminino, que hoje sustenta milhões de famílias e movimenta a economia do país”, destaca a editora da obra.
Forno de Minas
A história de Hélida, psicóloga e terapeuta ocupacional de formação, é marcada pelos legados de sua família, cujas raízes estão ligadas ao trabalho no campo, ao valor pela educação, à coragem de se ressignificar, de empreender e de inovar.
Seus avós maternos e paternos eram fazendeiros e Hélida cresceu cercada pelo universo do trabalho rural. Por isso, mesmo após construir sua vida na cidade, conhecer o mundo e consolidar a carreira na indústria de alimentos, o amor por suas raízes se transformou em propósito.
Com o pai Hélio Mendonça Braga, Hélida aprendeu a empreender, a ser prática nas tomadas de decisões, a enxergar as oportunidades que ninguém via e a adaptar as soluções conforme sua realidade e objetivos. Já com a mãe Maria Dalva Couto Mendonça, sua principal referência feminina, ela aprendeu a ter coragem para enfrentar as adversidades e para se reinventar.
“D. Dalva é a minha maior inspiração pela sua garra, humildade, determinação e, acima de tudo, pelo exemplo de mulher, mãe e empreendedora que ela foi para mim. Ela virou o jogo e assumiu o protagonismo da própria vida, da família e da empresa que criamos. Foi com o apoio dela que saí do país para conquistar minha independência financeira, antes dos 18 anos, e construir minha carreira profissional. Minhas duas primeiras experiências fora do Brasil, para estudar nos EUA e, depois, estudar e trabalhar na Inglaterra, foram fundamentais para me transformar na mulher que sou hoje: protagonista, empreendedora e forte”, relembra Hélida.
Em 1973, a vida da família virou do avesso com a perda repentina do pai. “Minha mãe tinha apenas 31 anos, não sabia dirigir, não tinha conta em banco, nunca havia saído de casa para trabalhar e, de repente, se viu sozinha na criação e sustento dos quatro filhos. Eu era a mais velha e tinha 12 anos. Lutando contra uma depressão profunda, ela optou por acreditar em sim mesma: vendeu nossa fazenda, honrou as dívidas e se encontrou profissionalmente no mercado imobiliário.”
Quase duas décadas depois, foi essa coragem da D. Dalva que fortaleceu e mobilizou seus filhos Hélida e Helder a investirem juntos em um negócio que, mais tarde, seria um ícone de empreendedorismo e inovação: a criação da Forno de Minas, marca pioneira de pão de queijo congelado. Mesmo realizada com a carreira de psicóloga, Hélida encontrou na família a força e a coragem para recalcular sua rota e abraçar o novo desafio com a mãe e o irmão.
“Foi ‘o sim’ que mudou a minha vida. Eu era feliz com a profissão que escolhi. Mas meu irmão surgiu com uma ideia tão inesperada quanto irresistível: transformar o tradicional pão de queijo, um patrimônio da culinária mineira, em um produto congelado, prático, moderno e inovador, preservando as origens e o sabor caseiro dessa iguaria, que faz parte da memória afetiva dos brasileiros. Foi a decisão mais importante e assertiva da minha vida, pois me permitiu testar e desenvolver minha potência para empreender.”
Criada em 1990, a Forno de Minas rendeu capítulos emblemáticos na vida de Hélida, que assumiu as diretorias de RH, de Marketing e de Gestão Estratégica. Juntos, D. Dalva e seus dois filhos expandiram a marca, fizeram a primeira venda da empresa para um grupo inglês, em 1999, mantendo com a família o laticínio próprio que produzia o queijo da receita original, criada por D. Dalva. Em 2009, a marca foi recomprada - e a família teve que, literalmente, recomeçar do zero - e, em 2023, foi vendida definitivamente para um grupo canadense.
“Quando a vida pede coragem para recomeçar e se arriscar, não ignore este chamado. Sem desmerecer o medo, que faz parte de qualquer grande mudança e mantém nossos pés no chão, acredite no seu potencial, tenha perseverança para errar, acertar e continuar, com determinação para transformar os sonhos em realidade e seguir em frente”.
Fazenda Hiáia
Após transformar a tradicional receita caseira de pão de queijo da mãe no sucesso global que é a Forno de Minas, a empreendedora mineira passou a se dedicar ao desenvolvimento de novos planos de negócios com a Fazenda Hiáia, que adquiriu com o marido no início dos anos 2000. A palavra Hiáia, que mistura origens indígenas e africanas, traz na sua essência o poder da força feminina e o valor das águas para a vida, elemento muito presente na propriedade.
Localizada entre Ouro Preto e Piranga (MG), o projeto de negócio para a Fazenda Hiáia tem como pilar a preservação da Mata Atlântica, de suas nascentes de águas cristalinas e da fauna, bem como do casarão centenário, cuja restauração está na fase final. O novo projeto tem como propósito valorizar a conexão entre cultura regional, história e gastronomia de Minas com a sustentabilidade. Assim, o projeto Hiáia visa desenvolver um novo negócio totalmente voltado para o ecoturismo, baseado na observação de pássaros e de diversas espécies de animais e da flora locais e nos esportes de aventura.
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