O jornalista e escritor Chico Brant lançou na manhã deste sábado, na Livraria Quixote, bairro Savassi, BH, o livro “Barro Preto”. Editado pela Conceito, a obra é o 36º título da “Coleção BH. A Cidade de Cada Um”, que ao longo de 18 anos vem publicando livros sobre Belo Horizonte e construindo um patrimônio de memória afetiva marcado pelo respeito à cidade, seus lugares e sua gente.
“Barro Preto” retrata a vivência pessoal do autor, que viveu no bairro nos anos 50 e início dos 60. Por meio de depoimentos e pesquisa bibliográfica, Chico descreve as origens do povoamento do bairro, suas transformações, e expõe histórias de seus moradores.
Construção de destinos
O livro escrutina cada rua, cada moradia e a história das famílias no que era, no plano original da cidade, a 8ª seção da nova capital. O Barro Preto reuniu brasileiros e imigrantes italianos e de outras nacionalidades em uma saga alimentada com sonhos para construção de destinos, de um bairro e de uma capital feitos com ideais de progresso e de aceitação democrática de diferenças culturais e religiosas”, explica o jornalista.
Com minúcia detetivesca, Brant percorre todo o bairro e suas 16 ruas, cinco avenidas e uma grande praça, resgatando casos, revendo relações entre seus moradores e trabalhadores, descrevendo seu crescimento como uma região da cidade que sempre teve múltiplas faces: bairro operário, sede de instituições militares, lar de imigrantes, diversidade religiosa, referência em educação, sede do Palestra Itália (atual Cruzeiro Esporte Clube), comércio em constante transformação e ponto de hospitais e centros de saúde.
Histórias
A publicação abriga inúmeras histórias curiosas que atravessam o tempo, desde a construção da nova capital mineira (1895-1897), quando abrigou operários encarregados de erguer a cidade, até os dias atuais, como polo de moda e seus grandes hospitais. Umas das principais características da ocupação do bairro é a presença de imigrantes italianos, que desempenharam importante papel na história da capital.
Antes de se tornar um polo de moda, nos anos 80, concentrando cerca de mil empresas, o bairro foi sede de muitas fábricas, como a Companhia de Cigarros Souza Cruz (onde hoje funcionam repartições da Polícia Civil), várias dedicadas ao ramo de móveis – Indústrias de móveis Minart, de Toni Misionschnick, fábrica de móveis Luso-Brasileira do português Francisco Ferreira da Costa, A fábrica de móveis Duas Pátrias, do português José Martins Novo, entre outras. Foi também na região que surgiram as primeiras unidades da lavanderia Eureka e das massas Vilma.
“Barro Preto” retrata o lazer dos barro-pretanos – que frequentavam o Cine Democrata, aberto nos anos 30 e sucedido pelo Cine Roxy, o Cine Candelária, inaugurado em 1952 como o mais luxuoso cinema da cidade, com tela Cinemascope,duas mil poltronas reclináveis e forradas em couro azul. A obra de Chico Brant fala ainda dos blocos carnavalescos de outrora: “Os Discípulos do Diabo”, “Canibais do Barro Preto” e “Tranquilos do Barro Preto”.
O autor
Francisco de Assis Alves Brant nasceu em Belo Horizonte. Jornalista, atuou na Imprensa mineira; em Brasília, na sucursal de O Estado de São Paulo. Atuou também em assessorias de comunicação social da Prefeitura de Belo Horizonte e do governo estadual. Trabalhou com o cientista político Bolívar Lamounier na MCM Consultores (SP) e foi diretor de Planejamento, Gestão e Finanças da Fundação Clóvis Salgado.
Com memória pessoal e de outros antigos moradores e registros históricos, Chico Brant, a exemplo de seus três livros sobre cidades históricas mineiras, se valeu da técnica jornalística para reportar o passado e o presente desta minicidade, um misto de residências, empresas, escolas, hospitais e instituições tradicionais.
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