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Foto do escritorCefas Alves Meira

“Tudo é rio” fatura prêmio de mais vendido em Portugal

A obra “Tudo é rio”, da escritora mineira Carla Madeira, conquistou ontem (30), em Portugal, o prêmio livro do ano de 2023. na segunda edição do Prêmio Livreiros Bertrand Autores Lusófonos 2023.

 

Sócia e diretora de criação da agência Lápis Raro, Carla comemorou assim a conquista: “É com muita alegria que festejo com os leitores esse rio que atravessou o mar e está tendo a maior ressonância do outro lado do mundo".

 

Triângulo amoroso

O romance narra a história do casal Dalva e Venâncio, que tem a vida transformada após uma perda trágica, resultado do ciúme doentio do marido e de Lucy, a prostituta mais cobiçada da cidade, que entra no caminho deles, formando um triângulo amoroso.

 

 “Tudo É Rio” foi lançado em 2014, mas uma nova edição da editora Record, em 2021, o tornou um dos assuntos mais falados nos ambientes de literatura do Brasil, liderando até hoje a lista dos mais vendidos no Brasil, com vendagem expressiva também em outros países.

 

Discorrendo sobre “Tudo é rio”, a jornalista Raquel Carneiro, da revista Veja, explica que a propaganda e a literatura quase perderam a publicitária para os números. No início dos anos 80, conta, Carla Madeira estudava matemática na UFMG (depois mudou para Publicidade e Propaganda) e pegava carona com o pai, professor do mesmo curso na instituição. “Certo dia ela se assustou quando, ao entrar no carro, viu o pai emocionado com uma história que acabara de ouvir. Tratava-se de uma mulher que, irritadíssima com o filho no ônibus, desceu do veículo, deixou a criança na calçada e subiu novamente, indo embora”, conta Raquel, destacando que ali estava nascendo uma escritora.


Sem rodeios

A editora Terezinha Nunes, do Blog Dellas, não poupando elogios a “Tudo é rio”, diz que “o livro fala do que nos ronda - sexualidade, religiosidade, violência, desigualdade de gênero”. Na entrevista à blogueira, Carla Madeira ressalta que entra nessas questões sem rodeios, enfatizando que a obra “expõe a hipocrisia do que é considerada uma família de respeito e do peso que as mulheres carregam nessas configurações. Quantas mulheres não conseguem se afastar de relações agressivas, entrando num ciclo de violência sem saída?”.

 

Carla rechaça títulos de genial e original, e defende sua capacidade de criar protagonistas que rompem com expectativas e padrões. “Ao escrever, empresto meu corpo aos personagens. São pessoas imprevisíveis, que agem de forma absurda. Por isso, tento ver todos os lados antes da inevitável explosão”, destaca a premiada escritora e diretora de criação da Lápis Raro.


 

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