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Foto do escritorCefas Alves Meira

Cíntia Neves, sensibilidade e o cotidiano do jornalismo

Cíntia Neves*

Alguns dias no cotidiano de uma redação são tão impactantes que os fatos parecem ficção, mas são pura realidade! A gente se depara sempre com histórias de acidentes envolvendo crianças, crimes, falta de humanidade, torturas, crueldade e, ainda, o assunto em destaque dos últimos 5 meses: a pandemia. Dezenas de jornalistas trabalhando, até desacreditados das informações expostas, do cenário que nos é apresentado. E quando o processo ainda te exige o contato com pessoas que estão vivendo um dos piores dias de sua vida? Muita gente não sabe, mas fica para o produtor, em várias circunstâncias, a tarefa de falar com a família de uma vítima, alguém que acabou de passar por um grande trauma. Que tarefa difícil! Acertar nas palavras, se colocar no lugar do outro, explicar que a exposição pode ajudar para que o crime não fique impune e alerte outras pessoas. Ouvir. Tem hora que faltam palavras, fôlego, é preciso ser profissional, mas fundamentalmente humano. Que me julguem os mais pragmáticos: eu não sei deixar de ser sensível em situações tão delicadas. E neste momento me dou conta do papel do jornalismo. O quanto é essencial trazer para superfície discussões públicas, temas de tanta importância social.

(*) Cíntia Neves é produtora de conteúdo e trabalha na Rede Globo Minas

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